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"Tenho a minha Verdade" - Oxitocinas
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“Tenho a minha Verdade”

“Tenho a minha Verdade”

Conheci a Mari, autora desse texto rapidamente no V Encontro da LinkedIn realizado no Consulado de Genebra , onde tivemos o lançamento da Câmara Brasil-Suíça de Comércio (Abril-2018) – que será nossa convidada  dia 8 de Junho em Vevey na Oxitocinas em Vevey,  esclarecendo possíveis dúvidas de pequenas e médias empreendedoras. Conheci e também reencontrei mulheres queridas que já conhecia e outras tantas, um grande presente.  A Mari especificamente,  só a cumprimentei junto com seu marido e não tivemos oportunidade de conversar.  Mas algo “engraçado” aconteceu. No caminho de volta de Genebra à Vevey,  a imagem da Mari me vinha à cabeça.  Porquê aquela imagem? Se era pra vir faces em minha mente, mais normal que viessem as novas amigas ou outras mulheres que cheguei a conversar, conheci um pouco da história delas…enfim… só fui entender um pouco mais tarde. Estamos todas conectadas. Quando vibramos num mesmo assunto e com um mesmo propósito, formamos um grande ímã que nos aproxima e nos une!

Dois dias se passaram e recebi uma mensagem da Mari pelo Facebook. Como temos um grupo fechado de Coaching gratuito, ela havia entendido que seria necessário uma apresentação bem completa. Não era…mas foi um grande Presente! Quando li sua mensagem, logo imaginei compartilhando-a com cada uma de vocês. A história dela é um exemplo claro do que seja viver com coragem, resiliência e também muita fé!

Demos muitas risadas por telefone, quando ela me confidenciou que enquanto escrevia o texto, seu marido perguntava: Mas quem é que te disse que ela vai se interessar pela sua história? E ela respondeu….ninguém…mas estou com vontade de escrever!  Mari, ainda bem que você nos escreveu! Somos muito agradecidas por conhecê-la e te esperamos aqui em Vevey – no dia 8 de Junho. Não somente eu, mas todo nosso grupo Oxitocinas terá o prazer e a oportunidade de te dar “aquele abraço”.

Tenho a minha verdade.

Às vezes dura, às vezes bela. Não importa. Questiono-a diariamente, desafio-a para saber se ela  continua válida. Descobri que sim. Sua essência é a mesma. Sua roupagem muda de acordo com as circunstâncias da vida.  E a minha vida me obrigou a me reinventar como tantas outras mulheres.

A  empresária bem sucedida por duas décadas se obrigou a encarar a resiliência como sua maior aliada, a entender que o choro, a tristeza tem seu espaço sim, mas que precisam ser limitados a espaços de tempo que permitam que a mulher possa  ser abraçada, confortada, amada, que ela tenha colo, mas… passado este tempo limitado, a tristeza precisa ir, precisa cumprir o seu papel em outros universos e não ser presa dentro de um ser só… Até porque, a vontade de ser e fazer, de se construir, de criar, de provar para si mesma que o sucesso vem se você for atrás, esta vontade é intensa. Não há espaço para autocomiseração, pois esta  não dá o pão.

Se existe uma palavra que me define é ‘’coragem’’. Não me percebia assim algum tempo atrás, mas de tanto ouvir outras pessoas me definirem como corajosa,  acabei me reconhecendo nesta palavra.

Sim, sou corajosa por superar o falecimento do meu pai herói aos 14 anos, por nesta data criar o desejo de conhecer a sua terra natal, a Suíça. Contando com ínfimas condições financeiras, mantive meu sonho até poder realizá-lo aos 25 anos. Trabalhando e estudando, fiz opções que desafiaram o bom-senso para algumas pessoas, mas que foram condizentes com os meus sonhos, como por exemplo, mudar para um emprego ganhando 1/5 do meu salário  para justificar minha opção de faculdade. Isto provou mais tarde, ser a base para a minha futura empresa.

Uma vez formada, proprietária de um apto financiado como tantos outros brasileiros, demiti-me para finalmente vir a Suíça. Eu sabia que se deixasse para muito mais tarde, um casamento ou algo assim, poderia eventualmente inviabilizar a concretização do meu sonho de infância. Tinha eu USD 3000, resultado da minha demissão e da venda de um carro de segunda mão. Achava-me milionária, sem saber que na Suíça USD3000 desaparecem num piscar de olhos. Meu primeiro grande medo apareceu uma semana antes da viagem. Vômitos, diarreia, dores de cabeça, perda de sono e perguntas, muitas perguntas.  Afinal, que loucura era esta ? Viajar sozinha, sem saber para onde ir exatamente, sem apoio, sem língua local, sem parentes, sem amigos ? Apenas o meu sonho… Bom, uma semana foi o tempo deste medo insano que me permitiu refletir sobre o outro lado da moeda. Medo protege. Mas, era tarde para sentir medo. Tudo estava arranjado, passagem comprada, demissão pedida, despedidas em curso. Dentro do avião, expulsei o medo. Minha mala não comportava tal peso!

Mas, além de ser corajosa, tive ‘’sorte’’ também. Cabe-se dizer que a sorte na minha vida caminha de mãos dadas às minhas iniciativas. No quarto dia em Genebra, tinha um emprego melhor do que eu tinha no Brasil, um studio com telefone (imagine só…naquela época um telefone no Brasil custava USD3000). Acho que eu aluguei um telefone com direito ao studio e não o oposto…J

Foram 2 anos de paixão pela Suíça. Finalmente eu via in loco tudo o que o meu pai contava sobre o seu país. Vir para cá foi uma espécie de homenagem a ele. No terceiro ano, as coisas mudaram. Já não saía mais tanto, tinha poucos amigos, sentia saudade de casa, passei a dar valor de forma diferente a família. Sem internet, sem celular, sem whatsApp, sem namorado, a realidade era doída para alguém que, como eu, não era muito extrovertida. Comecei a acalentar a ideia de voltar. E aí a primeira grande decisão da minha vida precisou ser tomada : deixar a bela casa, o carro do ano, o emprego estável, a segurança de um país maravilhoso para voltar para a insegurança brasileira do amanhã, para a família, para os churrascos de domingo, para o calor humano? Decisão para lá de difícil. Terreno fértil para o medo que veio de novo com força total.

Mais uma vez, mandei-o embora e tomei uma decisão : percebi que eu não queria me prostituir por tudo o que a Suíça me oferecia. Eu queria ser feliz e todas aquelas coisas materiais não estavam me fazendo feliz.

Criei MUITA coragem e voltei.

Novamente, a sorte estava comigo e com meu empenho. Recomecei a trabalhar e posteriormente montei minha própria empresa. Fácil ? Longe disso. O bicho-papão do medo apareceu de novo. Afinal, esta nova empresa seria concorrente do meu ex-chefe e eu podia contar com um terreno minado pela frente. Não foi diferente do que eu imaginei. Por dois anos mal ganhava para comer e me lembro até hoje como deixava o telefone fora do gancho enquanto corria ao banco ali embaixo para pagar contas…rsrsr

Mas, aos poucos as coisas foram se estabelecendo. Uma estagiária veio me ajudar, vendi meu apto e comprei um escritório para evitar o aluguel. Como não tinha onde morar, morei oito meses ‘’escondida’’ no meu escritório em um arranha-céu  altamente comercial, morrendo de medo que alguém percebesse, afinal era totalmente contra as regras. Um belo dia, decidi que já era demais. Aluguei um apto minúsculo e pronto ! Problema resolvido.

Conheci meu marido através de uma agência de namoro. Nunca fui muito arrojada socialmente e com o tic-tac da maternidade chegando, resolvi ser prática. Deu certo. Está dando certo. 21 anos juntos…Mais sorte que juízo? Ou dedicação, cumplicidade, respeito e amor?

Ganhei duas filhas do primeiro casamento do meu marido. Olha o medo de novo… Por sorte, tornaram-se dois presentes de  de minha vida. Ganhei meu lindo filho e a vida começou a deslanchar. Agora com família, casa, cachorro, empresa, amor e saúde, fomos resolvendo os problemas que apareciam um por vez e ganhando pontos no jogo da vida. Continuei a estudar, consegui meu MBA, e mais duas pós-graduações na minha área.

Dezessete anos após, uma lei ambientalista sancionada no congresso muda o ritmo dos acontecimentos. Eu era uma  empresária bem sucedida no ramo de exportação de produtos florestais madeireiros – um ambiente totalmente masculino, por sinal.  Empresa saudável e sólida financeiramente mas dependente de fornecedores que foram fatalmente atingidos por tal lei. Eles fecharam as portas e, consequentemente,  eu também fui atingida. Tentei mudar o curso da empresa mas não consegui. Vendi boa parte dos ativos tentando achar uma forma de coexistir no meio daquilo tudo mas creio que o cansaço foi mais forte que o medo desta vez. Já não aguentava mais insistir no meu ramo e ouvir reclamações o tempo todo por parte dos fornecedores. Resolvi mudar o rumo e me reinventar.

Convidei minha família para vir à Suíça. Sempre achei que a Suíça seria uma lugar ideal para uma família. Todos concordaram e viemos. Viemos em 2011 para Lugano. Lá seria mais fácil para eles, pensei eu. Eu me adaptaria. Ainda com alguns recursos e com muita esperança e planos, viemos de  mala e cuia.

Não acredito até hoje no que aconteceu. Meu filho não se adaptou. No auge da sua adolescência, tal mudança brusca abalou seus alicerces. Aquele que sempre foi um excelente aluno, lindo, querido, popular e com milhões de amigos se tornou irreconhecível. Ele desenvolveu um transtorno de humor por razões que só Deus explica. Para quem desconhece o termo, imagine um menino altamente agressivo durante o dia, e extremamente vulnerável e carente à noite, chorando e pedindo colo. Não sabíamos lidar com isso. Pensávamos que fosse rebeldia e tentávamos impor ordem na casa. Não adiantava. Afinal não era desobediência. Era uma doença ! Como ele pedia noite e dia para voltar ao Brasil, achamos por bem ceder e colocá-lo num tratamento psicológico e psiquiátrico em um ambiente favorável. Voltamos ao Brasil. Desta vez, sem sonhos, sem esperanças, sem planos e com muito medo. Só sabíamos que precisávamos curar nosso filho. Investimos todos os nossos recursos nesta empreitada. Felizmente, depois de cinco  anos de tratamento intenso, conseguimos recuperá-lo e posso dizer hoje que este menino é um vencedor ! Nós também. A história do meu filho dá um livro de centenas de páginas, portanto, não vou entrar em detalhes naquilo que foi para mim um verdadeiro filme de horror mas que felizmente, terminou  com um final de contos de fadas. Em respeito a ele, deixo que ele conte ao mundo sua experiência quando ele se sentir preparado para tanto. Sem dúvida, o que ele passou, muitos outros vivenciam e a sua experiência e sucesso podem se tornar um alento para quem ainda se encontra no período negro. Para enriquecer o momento, enfrentamos e vencemos um câncer do meu marido e um enfarto.

Neste meio tempo, profissionalmente eu estava sem opções e acabei indo dar aulas na universidade Por ‘’sorte’’, eu tinha as qualificações necessárias mas a vida já estava bem mais apertada financeiramente que antigamente. Tivemos de aprender a nos adaptar.  Nas horas de folga (quero dizer entre 5am e 8am) escrevi um livro e às noites, fiz mais uma faculdade.

Enfim, com este problemão de saúde resolvido, com problemas financeiros a todo vapor, problemas econômicos e de corrupção no país, acabei sendo demitida da universidade junto com outros 300 professores no mesmo dia.

Só uma opção me restava : Voltar a Suíça.

O plano era agora emergencial : conseguir um emprego, um apto e trazer a família de volta. Eu planejava conseguir isso em dois meses no máximo. A esta altura, meu filho já tinha descoberto que a Suíça é um belo lugar para se viver. Voltei sozinha para ajeitar as coisas primeiro, de mãos dadas com o medo e, desta vez, com USD70 no bolso. Preciso dizer que só vim porque uma amiga de 20 anos atrás me abriu as portas da sua casa. Sem ela, eu não estaria aqui hoje. Que Deus a abençoe !

Os dois meses não funcionaram. Mesmo procurando todos os dias enfaticamente, tendo diplomas e larga experiência, boa vontade e saúde, não achei trabalho. Idade talvez ? Certamente meus mais de 50 não ajudam. Sem trabalho,  tive uma enorme dificuldade em achar um apto e, sem apto, meu marido não podia solicitar a permissão de entrada na Suíça. Ficamos separados por 1 ano e 3 meses, onde o medo era meu companheiro de quarto e sala.

Desta vez a ‘’sorte’’ tomou o formato de amigos. Conheci pessoas maravilhosas! Tive ajuda de todos os lados e, muito embora, eu ainda esteja galgando meu espaço, reinventando-me todos os dias para encontrar a fórmula certa da profissional que preciso ser, sinto-me rica e grata pelas pessoas que compartilham a minha vida. Sinto-me grata pelo amor e união que existe em minha família, pela saúde que tanto valorizo e pela paz que hoje reina em nós.

A minha verdade?

Estou aqui para ser melhor, para evoluir, para contribuir um pouquinho para transformar este mundo em um mundo melhor. É por isso que abro meu coração a vocês. Pode ser que traga alento a alguém e, se de alguma forma, eu conseguir fazer uma só pessoa perceber que todas nós temos desafios mas que somos capazes de dar a volta por cima ou aguardar a roda gigante da vida com a cabeça erguida, então já terá sido válida a experiência de compartilhar estas palavras.

Muito obrigada !

Mari

 

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4 Comments
  • Iramaia Kotschedoff
    Posted at 10:08h, 03 May Reply

    Cara Mari, obrigada por compartilhar a sua experiencia de vida conosco. Que sirva de alento e motivação para tantas mulheres que precisam se reinventarem. Que a sorte seja a tua eterna companheira. Estarei também no dia 08/06 em Vevei.

    • Geisa Mourão
      Posted at 10:37h, 03 May Reply

      Oi Iramaia, obrigada vc também por comentar…às vezes achamos que nossos desafios são só nossos. Quando exercitamos a coragem de coloca-los para fora, sendo vulneráveis, a gente começa a perceber que somos muito parecidas entre nós e assim nos fortalecemos! Vou transmitir seu comentário pra Mari! Beijos

  • Ana Paula Gonçalves
    Posted at 09:21h, 04 May Reply

    Uauuuuu!!!!!!!!!! Que carta maravilhosa!!! Quanta garra! Quantos desafios! E no fim, vejo uma mulher cheia de positividade e gratidão? Me perguntei: como ser assim tão evoluída? Na minha estrada espero poder aprender um pouco disso com vocês ! Um beijo grande a todas essas mulheres maravilhosas!!!

    • Geisa Mourão
      Posted at 10:04h, 04 May Reply

      Oi Ana querida, estamos todas numa caminhada! Em algumas situações tiramos “tudo de letra” e em outras, nem tanto. Não estamos e nem somos prontas…ainda bem, parafraseando o Leo Buscaglia “Vivendo, Amando e Aprendendo” ! Bjs

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