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Ai que saudades de mim - Oxitocinas
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Ai que saudades de mim

Ai que saudades de mim

Na segunda metade da vida, a gente vai vendo que o antigo corte de cabelo já não fica tão legal, que antigas roupas já não combinam mais. E aí, você às vezes se desespera por também não reconhecer não só a imagem que vê no espelho, mas principalmente também, a Mulher que um dia, você acha que foi.

Mulher essa que se posicionava, firme, mas amorosa. Que gostava de ouvir elogios e a opinião dos outros, porém, não se detinha apenas por eles. A última palavra, para assuntos relacionados a você mesma, era sempre a sua.

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“E o que há algum tempo era jovem novo. Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer…” | Belchior (da música Velha Roupa Colorida)

Hoje, escutei uma frase que tocou-me, de uma linda mulher em seus 41 anos que encontra-se em seu reinventar: “Ai que Saudade de Mim”. E lembrei-me dos muitos momentos em que também sentia e sinto falta de me conectar com minha melhor parte. Nós, com nossa parte mais criativa, mais poderosa. Saudades de escutar mais nossos sonhos e objetivos do que nossos medos e inseguranças.

Essa saudade inicial, pode inicialmente aterrorizar num primeiro momento, mas também pode ser libertadora se exercitarmos a substituição do saudosismo que nos derruba para o saudosismo que nos faz lembrar que somos hoje o resultado de tudo que já vivenciamos.

Quando estávamos em nossos 20, olhávamos para as pessoas de 40 ou 50, já considerando-os quase anciões. Hoje quando somos essas pessoas, trocamos nossas lentes para uma perspectiva diferente. Buscamos um envelhecimento mais saudável e produtivo. E a construção dessa nova parte de quem somos, faz toda diferença nesse processo.

Bibi Ferreira em entrevista à rede Record, falou sobre a comemoração de seus 75 anos de carreira e a preparação de sua estréia no musical sobre Frank Sinatra. Prestes a completar 94 anos, ela ressaltou que cantar Sinatra na cidade do próprio Sinatra, Nova York, era claro, um grande desafio. Porém, ela não o imitava, tratava de ouví-lo, assimilava-o e misturava com o melhor de si mesma. Lição: autenticidade, sempre. Já outra, grande inspiração para mim, Marília Gabriela, jornalista, apresentadora, atriz, em entrevista com Jô Soares, compartilhou seus novos planos de um portal na web. Minha Mãe, aos 75, vai toda semana ajudar na limpeza da igreja que frequenta, apesar de nossos pedidos para descansar um pouco mais. ” Quero contribuir”, responde, justificando sua negativa em parar.

A escritora americana, Barbara Bradley ratifica esses conceitos sobre as reinvenções na meia idade em seu livro, Life Reimagened ( A Vida Repensada). Na meia idade pode haver uma pausa, ou uma mudança de marcha, mas essa mudança pode ser libertadora e não terrível. Então, “bora” olhar o ontem com um olhar mais distante e caloroso. E principalmente transformando esse conhecimento teórico em pequenas ações práticas de maior carinho conosco mesmas.

Recordando Carl Jung:

Que a gente possa ter a coragem e a força de escolher o que queremos nos tornar, dia após dia.

Sabemos que esse caminho é cheio de altos e baixos. Respiremos fundo e exercitemos:

 

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma de nosso corpo. E esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia… e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

Fernando Pessoa

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