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Me deixe Voar…

Foto do escritor: Geisa MourãoGeisa Mourão

Atualizado: 19 de ago. de 2024


Me deixe Voar e voltarei porque quero, não porque precise!


A manhã estava gelada cerca de 3 graus, as montanhas carregadas de neve no alto e mais pareciam talco pompom na paisagem. Eu na direção do carro, no retorno de Genebra para casa e meu marido na carona. Havíamos ido ao consulado de Genebra para renovar o visto das crianças – na verdade não tão crianças – 16 e 14 anos e fomos avisados que à partir de Janeiro do proximo ano, precisariamos ir até o Consulado para alistar nosso filho mais velho que completaria 18 anos e como moramos fora, já cuidariamos também da dispensa militar. Alistamento? Serviço militar? Tudo aquilo me chocou pois há 10 anos atrás eles ainda achavam o máximo os ataques da “monstra beija”…uma terrível criatura que atacava-os com muitos beijos….nosso filhos cresceram.


Como num grande filme,  desenrolava-se em minha mente em como foi difícil a fase deles bem pequenos. Como muitas de vocês, morando fora do Brasil sem ajuda e começando em minhas reinvenções profissionais. Lembro-me de um episódio que demorou muito pra se transformar em uma lembrança construtiva e não de culpa em minha mente. Estava em atendimento no escritório de casa e os dois filhos começavam a brincar de lutinha na sala de tv, quando o mais velho quebrou a clavícula do menor…me sentí péssima. Como podia dar suporte pra outras pessoas se estava sendo tão negligente no cuidado com meus filhos…a Carrasca interna não perdoava. Provavelmente você como Mãe, também deve ter dezenas ( ou centenas)  de episódios de culpa para dividir…


Hoje passados 9 anos, abraço-me e fico muito feliz, por não ter desistido de minha própria vida, de meus próprios sonhos em função de meus filhos ou de meu marido. Nada foi fácil. Amo-os de paixão e poderia sem dúvida dar minha vida física por eles, porém, também sempre existiu uma parte de mim, que precisava criar, precisava aprender, precisava voar em novos ambientes e se conectar com o mundo. E essas conexões não tinham nada de desrespeito com um dos três, pelo contrário, só havia respeito. Respeito porque quanto mais colocava-me na posição de aprendiz, melhor me sentia. Mais inteira, mais eu mesma, mesmo não sabendo exatamente como seria o final do produto: eu mesma. Só sabia que estava em constante mutação. Queria crescer, queria aprender, precisava voar.


E voltava cheia de vida, cheia de histórias para os três. A vida não vem com manual. Não existem varinhas mágicas, a gente foi tentando aprender juntos esse equilíbrio entre o voar e permanecer no ninho. Mas uma coisa é certa. A líder precisou ser eu mesma. Eu precisava tomar as rédeas da situação: inscrever-me em cursos de capacitação, sair da cama de madrugada e estudar enquanto a casa estava tranquila, responder com firmeza aos questionamentos: “para que inventar tanta moda”? Quando estamos numa vida familiar, a negociação é algo sempre presente e se não temos claros os valores que são inegociáveis, acabamos deixando de lado nossos próprios interesses em favor superficial ao todo. Digo superficial pois se não cuidamos primeiro de nós, o que damos para o outro nunca é o nosso melhor, sempre será algo capenga…pois mesmo que não conscientes, estamos capengas.


Meu parceiro de quase 22 anos, até hoje não entende no racional o que sempre falo: Sou um passarinho que precisa ter a gaiola aberta para explorar novos ambientes e novos aprendizados e volto muito melhor do que saí. Assim o nosso compartilhar fica muito mais rico. Volto porque quero, não porque precise! Ele brinca que o que vai fazer é dar uma estinligada nesse passarinho…mas sei que é da boca pra fora, pois ele também se apaixonou por esse passarinho que precisa e quer voar, sempre!


Outro dia meu mais velho chegou em casa e eu estava cozinhando e aproveitando o tempo, entre uma mexida na panela e outra,  também fazendo ginástica. Ele entrou em casa estava com as pernas pro alto e cabeça pra baixo ouvindo as orientações da personal trainner virtual. A reação de desaprovação normal na adolescência foi instântanea: “Mom, porque você não é uma mãe normal?” Ele ainda não percebe nem sente isso, mas talvez esse tenha sido um dos maiores elogios que eu tenha ganhado.


Ainda bem que não sou normal, sou eu mesma! Pagamos um preço alto em tentar encontrar esse “eu mesma”…mas o preço de não tentarmos adentrar nesse caminho é alto e pesado demais!


Em seu caminho de descobertas, te desejo muita coragem  e amor por você mesma. E lembre-se, você pode ter companhia nesse caminhar. É por isso que estamos aqui:

Oxitocinas – para Mulheres e todos os gêneros que se reinventam!


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