…Antes era só  um pequeno e dormir era algo quase impossível. O grande sonho de consumo era conseguir adormecer por mais de 4 horas consecutivas.

Depois veio  o segundo e o trabalho não dobrou, só ficou diferente. Ele era doce , mais tranquilo e também cheio de energia. Lembro-me de trabalhar em casa no escritório trancado e o mais novo engatinhava pelo corredor;  batia na porta tentando entrar e procurando por mim. Muita vezes falava com clientes fechando vendas na área de tecnologia e ao desligar o telefone, abria a porta e encontrava aqueles olhos de jabuticaba com cílios que pareciam postiços olhando-me com alegria que me faziam sentir a maior preciosidade da Terra. Pegava-o no colo, cobri-a o de beijos e explicava que a Mamãe estava fechando grandes projetos e por isso não pode abrir a porta.  Aos 3 aninhos levei-o rapidamente para conhecer a empresa onde trabalhava e ele cumprimentando as amigas que vinham saudá-lo, dizia: Sabia que minha Mãe fecha grande projetos?

Saímos do Brasil em 2008 e longe de nossas raízes só tínhamos nós. Nós quatro. Tudo era junto e mal sobrava tempo para mim, achava que nunca mais teria um tempo só meu. Aproveitava os momentos  que estavam na escola para correr um pouco e aliviar aquela rotina doméstica pesada, o movimento me acalmava.

Nas constantes viagens de trabalho de meu marido, procurávamos criar um universo mágico aguardando pelo Dad. Os dois vinham para nossa cama e fazíamos gostosas sessões pipocas de cinema e minha noite era interrompida com alguns chutes e cotoveladas dos dois pequenos visitantes de nossa cama. Quando Papai chegava, a festa era ainda maior e o espaço menor, mas quem se importava com o espaço?!!!

O tempo passava e tentava conciliar minha nova vida profissional com aqueles dois seres que eram meu maior e mais inesperado projeto de vida. Entre um atendimento via skype e outro no escritório em casa, os dois brincavam de lutinha e o mais velho com 10 anos quebrou a clavícula do menor com 8. Todo kit culpa de Mãe ressurgiu com força total. Como ousava eu, prestar apoio para outras pessoas, se não conseguia dar o suporte adequado para meus próprios filhos?

Sábados e Domingos eram especiais. Passeios de bikes ao parque, visitas a pistas de skates, cinema em conjunto e quando dava entre uma atividade e outra, tempo para nós como casal.  Hoje já com 17 e 15 enquanto meu marido levava-os para as primeiras aulas de direção passava em minha mente um filme rápido que durou segundos e me encheu de saudades.

Hoje nossa casa mais parece um Hotel onde dois adolescentes retornam para dormir e comer. As palavras são meio monossilábicas e os programas em conjunto começam a ser raros. Amigas mais velhas que já tiveram filhos adolescentes, dão sempre um conforto: Não se preocupe, daqui a pouco eles “voltam”. Da mesma maneira que lá atrás eu achava que nunca mais voltaria a dormir ou namorar, sei que que voltarão. Mas ando com um buraco no peito cheia de saudades do tempo que nossa cama era pra quatro e as joelhadas ou pernadas marcavam nossa noite…

E assim é o ciclo da vida com suas pequenas e grandes mudanças, cabe a nós, aprender a desfrutá-las!

Em que ciclo da vida você experimenta hoje? Está tranquilo, já acomodado ou aquela bagunça sem grandes entendimentos ainda?  Reconhecer e validar toda essa nossa bagunça interna é o que de melhor podemos fazer por nós mesmas. Isso é nos respeitar, amar e manter nossa sanidade!

Dica: Sinto-me confusa em tal situação: e s c r e v a 

Se puder dividir com você alguns insights já vividos deixo alguns aqui – podem parecer clichês e até são mesmo, mas não quer dizer que não precisemos relembrar para realmente colocar em prática:

[icon name=”lightbulb-o” class=”” unprefixed_class=””] Brinque, grite, dance, corra, esperneie muito com seus filhotes. É disso que lembrarão lá na frente. Da mesma maneira que você deve lembrar algumas de suas estripulias

[icon name=”lightbulb-o” class=”” unprefixed_class=””] Mesmo que achem bobagem faça o que seu coração pede. Adorava brincar de “Monstra beija” e de vez em quando ela reaparece aqui em casa…a Monstra que adora agarrar e beijar

[icon name=”lightbulb-o” class=”” unprefixed_class=””] Ensine com seu exemplo, não adianta muito falar e agir de um jeito diferente. Nosso discurso precisa ser validado com nosso exemplo.

[icon name=”lightbulb-o” class=”” unprefixed_class=””] Estimule o desenvolvimento da responsabilidade. Mesmo em situações simples e pequenas como deixar a roupa suja no cesto correto e não decorando o chão do quarto.

[icon name=”lightbulb-o” class=”” unprefixed_class=””] Encontre tempo para fazer algo só para você. Parece contraditório mas não é. Por menor que seja sua atividade ou sua participação em algo, esteja inteira. Você se sentirá muito bem e mesmo sem dizer nada, você transmitirá a sensação de realização para seus filhotes.

[icon name=”lightbulb-o” class=”” unprefixed_class=””] Confie. Dar seu melhor não é garantia de nada. Porém, da mesma maneira que você fez suas próprias descobertas de jornada, eles também o farão. Entregue-os para uma Força Criadora e Perfeita que rege todo nosso Universo, independente do nome que você dê a essa Força!